Pesquisa da Fenaban reforça importância das cláusulas de diversidade e igualdade conquistadas pelos bancários

Segundo o levantamento da Fenaban, existem 18.528 pessoas com deficiência no setor, representando 4,28% de toda a categoria

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresentou os dados de uma pesquisa realizada nos bancos sobre a aplicação das cláusulas conquistadas na Campanha Nacional 2024 relacionadas à diversidade e igualdade de oportunidade nas instituições financeiras.

A exposição dos números referentes a empregados PCDs, LGBTQIA+ e mulheres foi feita durante a mesa de “Negociação Nacional Bancária sobre Diversidade, Inclusão e Pertencimento”, realizada na sede da Fenaban, na tarde desta sexta-feira 30.

Pessoas com deficiência (PCD)

Segundo o levantamento da Fenaban, existem 18.528 pessoas com deficiência no setor, representando 4,28% de toda a categoria.

Em relação ao cumprimento da Cláusula 116 da CCT, que concede abono de ausência aos PCDs para conserto ou reparo de próteses, o levantamento da Fenaban revelou 101 ocorrências de trabalhadores que se utilizaram desta cláusula.

“Desde que a Convenção Coletiva de Trabalho 2024-2026 foi assinada, a cláusula 116 já foi aplicada em 52 ocorrências entre setembro e dezembro, o que revela não só a importância desta conquista, como uma certa demanda reprimida para o reparo de próteses, o que pode ter como causa o medo dos bancários de pedirem para os seus gestores ausência do trabalho para este fim, que agora é garantido pela CCT”, ressalta Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores de bancos nas negociações com a Fenaban.

Licença-maternidade/licença-paternidade

  • 84% dos bancos aderiram à conquista da ampliação da licença-maternidade de 120 para 180 dias e licença-paternidade de cinco para 20 dias;
  • 6% afirmaram que irão aderir a essa extensão de direitos até o 1º semestre de 2026;
  • 6% estão analisando e 4% não deram previsão;
  • 100% dos bancos afirmaram conceder o mesmo tratamento às relações homoafetivas em relação às licenças-maternidade e paternidade.
  • Destaque para o aumento de bancários e bancárias que acessaram este direito:
  • Do total de 7.269 licenças-maternidade, 99,6% (7.240) foram de 180 dias;
  • Do total de 6.770 licenças-paternidade, 99,4% (6.732) foram de 20 dias.

LGBTQIA+

  • 97% dos bancos afirmaram aplicar o reconhecimento da relação homoafativa estável, aplicando as vantagens da CCT aos cônjuges no caso de casais homoafetivos;
  • 71% disseram que têm indicações para que cônjuges/companheiros do mesmo sexo tenham acesso ao plano de saúde do companheiro bancário.

Declaração de repúdio de qualquer forma de discriminação contra pessoas LGBTQIA+:

  • 71% já realizaram a declaração;
  • 14% irão realizar ainda neste ano;
  • 3% até 1º de semestre de 2026;
  • 11% estão pendentes.

Declaração de apoio à igualdade, sem discriminação LGBTQIA+, com destaque às pessoas trans:

  • 69% declararam;
  • 11% irá declarar em 2025;
  • 3% até 1º semestre de 2026;
  • 17% estão pendentes sobre o tema.

Informações aos empregados sobre o reconhecimento e respeito ao grupo diverso de pessoas LGBTQIA+:

  • 91% informaram;
  • 6% irão informar ainda em 2025;
  • 3% estão pendentes quanto a essa demanda.

Canais de apoio para questões ligadas aos temas LGBTQIA+:

  • 86% dos bancos disponibilizam;
  • 8% irão disponibilizar ainda neste ano;
  • 3% até 1º semestre de 2026;
  • 3% estão pendentes.
  • Sendo que 94% desses canais são os mesmos das cláusulas de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência.

População trans

  • Segundo a Fenaban, o levantamento revelou a presença de 233 de pessoas trans no setor:
  • 77% dos bancos que responderam à pesquisa disseram que possuem pessoas trans em seus quadros;
  • 20% não ofereceram esses dados;
  • 3% afirmaram não controlar essa informação
  • 100% dos bancos afirmaram que estão assegurados os direitos do uso do pronome de auto identificação (nome social).

Disponibilização, pelos bancos, aos seus empregados, de informações sobre as iniciativas relativas à “diversidade, inclusão e pertencimento”:

  • 74% disponibilizaram;
  • 14% vão disponibilizar ainda em 2025;
  • 3% até 1º semestre de 2026;
  • 9% estão pendentes.

A pesquisa foi entre novembro (fim da Campanha Nacional dos Bancários) e abril, com 35 bancos onde trabalham 90% da categoria.

“Os números revelados pela pesquisa da Fenaban evidenciam a importância para os bancários das cláusulas de diversidade conquistadas na última Campanha Nacional. Mostram também o quanto a nossa categoria está à frente na defesa dos direitos humanos, tão atacados no momento atual. Espero que a gente avance mais nessa discussão. Os bancários têm interesse nessa temática. Não basta só colocar pessoas PCDs, LGBT e negras nos bancos. As agências bancárias e departamentos têm de ser espaços onde o racismo, a violência de gênero e a LGBTfobia sejam intoleráveis. E nós vamos seguir lutando para obter avanços nesta pauta”, afirma Neiva.

4º Censo da Diversidade

Em conformidade com a cláusula 136 da Convenção Coletiva de Trabalho, o Comando Nacional dos Bancários cobrou a realização, até o final de 2026, de uma nova edição do Censo da Diversidade, Inclusão e Pertencimento do Setor Bancário.

Ficou definida a criação de um grupo de trabalho formado por bancários, Fenaban e Ceert – empresa contratada para a produção do censo –, a fim de elaborar as perguntas da pesquisa, que deverá ser feita com os trabalhadores até a terceira semana de setembro. Seu resultado deve ser divulgado em fevereiro de 2026.

Protocolo de conduta contra racismo e LGBTfobia

O Comando Nacional dos Bancários cobrou a implantação de um grupo de trabalho visando a elaboração de um protocolo de atuação em casos de racismo e LGBTfobia, tanto entre funcionários quanto de clientes contra funcionários.

“A formação precisa vir acompanhada da ação para coibir esses tipos de violência. Recebemos diversos casos de funcionários que sofreram racismo e os trabalhadores não souberam como reagir, porque não foram preparados. Então a nossa proposta é desenvolver um protocolo que acolha e que coíba esses crimes, para proteger a categoria”, ressaltou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.

A Fenaban reconheceu a relevância da proposta. Mas alegou não estarem preparados para o seu debate na mesa desta sexta-feira 30, e pediram para a pauta retornar à discussão em um próximo encontro.

Sua opinião é muito importante, por isso, responda à Consulta Nacional 2025 para nos preparamos para os desafios de 2025.

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