O que se sabe até agora do rombo de R$ 20 bi no balanço da Americanas

Americanas informou ter encontrado "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões; valor coloca à mesa risco de empresa quebrar

Foto: Reprodução

Dona das marcas Lojas Americanas, Americanas.com, Submarino e Shoptime, a Americanas vive seu pior dia da história. Ontem (10/1), a empresa comunicou ao mercado ter encontrado inconsistências em seu balanço financeiro da ordem de R$ 20 bilhões.

No dia após o anúncio, as ações abriram em queda de 75%. Por causa da queda vertiginosa, os papéis tiveram a negociação suspensa temporariamente, processo chamado de leilão pela Bolsa de Valores.

O problema estaria no lançamento contábil de financiamentos com fornecedores. Na prática, a Americanas teria reportado um volume de dívidas menores do que o real. O comunicado diz que os problemas teriam acontecido no exercício de 2022 e em anos anteriores, mas não diz em qual período exato os números inconsistentes teriam sido lançados.

Analistas dizem que, com as informações divulgadas até aqui, é possível levantar duas hipóteses. A primeira é de que houve manipulação contábil – ou seja, a empresa teria “escondido” parte das dívidas de forma intencional. Isso poderia ter ocorrido, por exemplo, lançando débitos na linha de conta de fornecedores, ao invés de dívida.

Outra hipótese é que, na negociação com fornecedores, os pagamentos feitos foram maiores do que os efetivamente comunicados para a área financeira.

A Americanas informou ainda estar apurando o que realmente ocorreu. A confirmação das irregularidades e dos valores envolvidos será feita por uma auditoria independente.

Maior fraude da história?

Ainda é cedo para dizer se alguma dessas hipóteses se confirmará, ou se algum outro evento poderá explicar uma diferença desse volume. O fato é que, se confirmada uma fraude, será possivelmente a maior já registrada em companhias privadas. Para se ter ideia, a fraude que resultou na falência do Banco Panamericano foi de R$ 4 bilhões.

O presidente recém-empossado na Americanas, Sergio Rial, pediu demissão. Ele foi acompanhado pelo diretor financeiro, André Covre. No cargo há apenas 10 dias, Rial e Covre renunciaram ao identificar os erros, que teriam acontecido em 2022, antes de os novo executivos assumirem os cargos.

Uma fonte a par do assunto confidenciou, em condição de anonimato, que os problemas estariam concentrados nos balanços dos últimos quatro anos, mas a investigação está varrendo o histórico da última década. No período, o presidente da Americanas era Miguel Gutierrez, executivo que ficou no cargo por mais de 20 anos e foi substituído por Rial na semana passada.

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