O cinegrafista que divulgou o áudio em que um dos integrantes da equipe de campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) o pressiona a apagar um vídeo pediu demissão da Jovem Pan um dia depois da veiculação do áudio. A informação é da Carta Capital.
Marcos Andrade deu uma entrevista à Folha de S. Paulo, na quarta-feira, 26, afirmando que a campanha do candidato pediu para que a emissora o demitisse, mas a equipe do ex-ministro da Infraestrutura nega.
O caso ocorreu no último dia 17, na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. O ex-ministro da Infraestrutura estava cumprindo agenda no Polo Universitário de Paraisópolis e teve que interromper por causa de um tiroteio. Nas redes sociais, Tarcísio disse ter sido alvo de “ataque de criminosos”, mas afirmou que todos da sua comitiva estavam bem e que um “bandido foi baleado”. Um suspeito foi morto na ocasião.
O cinegrafista conseguiu gravar as partes mais explícitas do confronto. No áudio divulgado, o profissional foi questionado sobre o que ele tinha filmado e houve a ordem para que ele apagasse as imagens.
“Você filmou os policiais atirando?”, pergunta um integrante da campanha. “Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras”, responde o cinegrafista. O membro da campanha ainda pergunta se ele teria filmado as pessoas que estavam no local em que o evento de Tarcísio foi realizado. “Você tem que apagar”, diz o segurança.
Pedido de demissão
Marcos Andrade contou à Folha que “houve comunicação da equipe com a empresa cobrando uma postura da empresa de desligamento”. Segundo o cinegrafista, a Jovem Pan sugeriu que ele gravasse um vídeo para o candidato, mas não sabia se seria para a campanha. “Mas é de um jeito para eles ficarem bem com esse pessoal. Aquela conversa de que seria legal. Em nenhum momento eles me coagiram a gravar nada”, revelou.
Em nota à Folha, a Jovem Pan declarou que exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio e que o trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local.
“Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico”, afirmou.
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