PP vê dificuldade para apoiar Bolsonaro no Norte e no Nordeste em 2022

Partido comandado por Ciro Nogueira, que será nomeado na Casa Civil, já tinha fechado acordo com o ex-presidente Lula em estados dessas regiões

Foto: Reprodução

Com a chegada do senador Ciro Nogueira no governo federal para comandar a Casa Civil, deputados do Partido Progressistas (PP) acreditam que a legenda vai enfrentar dificuldades para renegociar alianças em estados do Norte e do Nordeste do país às eleições de 2022, principalmente no Maranhão, Bahia e Pernambuco. Segundo esses parlamentares, antes do convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Nogueira, o PP já caminhava para ficar ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessas duas regiões. Bolsonaro e Lula, por enquanto, polarizam a disputa presidencial.

“Será um grande desafio. Não estava programado (a ida de Ciro Nogueira para a Casa Civil). O PP fez alianças regionais, principalmente com o PT do Lula. Todos terão que sentar novamente e conversar. Vamos ver como vai ficar”, afirmou o deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior, o Dr. Luizinho, do Rio de Janeiro.

“Foi uma surpresa para todos nós. Os acordos estavam fechados e, agora, tudo terá de ser revisto”, revelou outro parlamentar que preferiu não se identificar.

Com uma bancada de 41 deputados na Câmara e sete senadores, o PP faz parte do chamado Centrão – grupo de diversos partidos que existe desde a segunda metade dos anos de 1980 e que deu sustentação no Congresso a presidentes da República. Em 2018, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro criticou a atuação do Centrão ao longo da história política do Brasil e prometeu não se aliar a ele.

Na época, o general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), fez uma paródia do samba Reunião de bacana para criticar os integrantes do Centrão. A letra original diz: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. Heleno afirmou: “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”.

Após assumir o mandato, no entanto, Bolsonaro distribuiu cargos no governo a deputados que compõem o bloco, principalmente para evitar a aprovação de pedidos de impeachment na Câmara. O presidente já foi do PP, que, atualmente, é comandado por Ciro Nogueira. Na última semana, Bolsonaro mudou o tom. “Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL (hoje DEM). No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PTB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois renasceu novamente”, declarou.

Em entrevista à TV Meio Norte, em novembro de 2017, Ciro Nogueira, que é do Piauí, chamou o então deputado federal Jair Bolsonaro de “fascista”. “O Bolsonaro eu tenho muita rejeição porque é um fascista. Ele tem um caráter fascista, preconceituoso. É muito fácil você ir para a televisão falar que vai matar bandido, que vai não sei o quê”, disse Nogueira no vídeo.

Em seguida, Ciro Nogueira sugeriu votar em Lula para a eleição presidencial de 2018. “O melhor presidente da história deste país, principalmente para o Piauí e para o Nordeste. Eu não me vejo na eleição votando contra o Lula, por tudo o que ele fez, tudo o que ele tirou de miséria desse povo”, completou.

Fonte: Veja

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