Sebastião Salgado, ícone da fotografia, morre aos 81 anos

Em 2024, Salgado se aposentou do trabalho de campo. Ele enfrentava um distúrbio sanguíneo causado por malária, contraída durante uma expedição na Indonésia

O mundo da fotografia e da arte perdeu um de seus maiores ícones. Morreu hoje, aos 81 anos, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, reconhecido mundialmente por seu olhar profundo e humanista sobre as condições sociais, os trabalhadores e as paisagens do planeta.

Salgado não era apenas um fotógrafo, era um contador de histórias com luz e sombra, um cronista das dores e da beleza do mundo. Economista de formação, largou uma carreira promissora para seguir seu verdadeiro chamado: registrar a humanidade em seus extremos, com respeito, empatia e uma técnica impecável.

Um adeus depois da luta

Em 2024, Salgado se aposentou do trabalho de campo. Ele enfrentava um distúrbio sanguíneo causado por malária, contraída durante uma expedição na Indonésia. A doença não foi tratada de forma adequada, e os efeitos acumulados o obrigaram a se afastar das intensas jornadas fotográficas. Na ocasião, declarou que seu corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.

Mesmo afastado das câmeras, sua influência continuou imensa. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, manteve o compromisso com o Instituto Terra, projeto de recuperação ambiental que serviu como exemplo global de regeneração ecológica.

Em nota, o Instituto Terra afirmou:

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”

Um legado de imagens que falam

Suas principais obras são mais do que coleções de fotografias, são testemunhos históricos e poéticos da condição humana:

  • “Trabalhadores” (1993): Um épico visual sobre o trabalho manual no mundo. As imagens mostram a dignidade e o esforço físico em ambientes árduos, como minas, plantações e construções.
  • “Êxodos” (2000): Um dos projetos mais tocantes de sua carreira. Salgado documentou migrantes, refugiados e deslocados ao redor do mundo, expondo o drama das populações forçadas a abandonar suas terras.
  • “Gênesis” (2013): Um tributo à natureza e à vida intocada. Ele registrou paisagens, animais e povos isolados com uma beleza arrebatadora.
  • “Amazônia” (2021): Um grito visual em defesa da floresta e dos povos indígenas. Salgado passou anos fotografando a região, evidenciando sua riqueza cultural e ambiental, e alertando para sua destruição iminente.

Um olhar que nos tornou mais humanos

Sebastião Salgado acreditava que a fotografia tinha um papel social — e ele cumpriu essa missão com excelência. Sua arte foi instrumento de denúncia, mas também de esperança. Com Lélia, fundou o Instituto Terra, que já restaurou milhares de hectares da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

Sua morte deixa um vazio profundo, mas seu legado permanece eterno. Suas imagens continuarão a nos tocar, nos provocar e, principalmente, nos lembrar de nossa responsabilidade com o outro e com o planeta.

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