Uso político da Caixa Econômica por Bolsonaro gerou calote bilionário no banco

Empréstimos a pessoas de baixa renda, mesmo com nomes negativados, tiveram inadimplência de 80%

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pressionado pelas pesquisas negativas de intenções de voto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou de tudo para se reeleger ao Palácio do Planalto.

Reportagem publicada nesta segunda-feira (29) pelo portal UOL mostra que, entre outros pontos que já provocam apurações, o então detentor da máquina pública usou politicamente a Caixa Econômica Federal, presidida na época pelo suspeito de assédio Pedro Guimarães, durante a malsucedida campanha eleitoral.

Segundo o texto, a possível improbidade causou um calote bilionário sem precedentes no banco.

Ações determinadas por Guimarães, presidente da CEF entre 1º de janeiro de 2019 e 29 de junho de 2023, quando renunciou ao cargo em meio às denúncias sobre sua conduta, tentaram reverter a desvantagem do então presidente em meio aos eleitores mais pobres com concessão de empréstimos, mas geraram inadimplência e colocaram o banco sob risco.

O UOL cita duas linhas de crédito criadas em março de 2022, para a população negativada e para beneficiários do Auxílio Brasil, quando pesquisas indicavam que Lula liderava as intenções de voto entre as pessoas mais pobres por larga margem.

De acordo com a publicação, ao abrir essas linhas “solidárias”, Bolsonaro e Guimarães em nenhum momento garantiram modos para que o dinheiro retornasse ao banco. Na prática, o que se vê atualmente é a alta inadimplência.

População negativada

Na primeira linha do calote, Bolsonaro permitiu que negativados pudessem ter acesso a empréstimos. O programa ganhou o nome de SIM Digital e contou com a liberação de R$ 3 bilhões aos eleitores.

A inadimplência no programa, porém, chegou a 80% neste ano, segundo dados da reportagem. Ou seja, de cada 1000 reais emprestados, 800 não foram pagos.

Por manobra do governo, parte do rombo será coberto pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Estima-se que seja necessário usar R$ 1,8 bilhão dos recursos do fundo e ainda outros 600 milhões tenham que ser complementados pela Caixa.

Em meio às tentativas de equilibrar as operações do SIM Digital, vieram à tona as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães.

Após o afastamento dele, técnicos do banco suspenderam os empréstimos para pessoas negativadas. Essa suspensão, inclusive, foi feita sob sigilo. Jamais houve comunicação formal de que os negativados deixariam de ter acesso ao crédito pelo programa.

Crédito consignado

Já o consignado do Auxílio Brasil veio depois, e só teve regulamentação definida em setembro de 2022, poucos dias antes do primeiro turno das eleições.

As operações efetuadas pela Caixa (único grande banco a aderir ao programa) só foram realizadas em 10 de outubro, ou seja, 20 dias antes do segundo turno. E foi um sucesso de público. O aplicativo Caixa Tem, por onde era possível solicitar o consignado, teve mais de 200 milhões de acessos no canal de contratação do produto.

Logo após a derrota de Bolsonaro para Lula, porém, a Caixa cortou o acesso ao consignado vinculado ao Auxílio Brasil. O banco também diminuiu a oferta de outras modalidades de crédito após a derrota de Bolsonaro para Lula. A reportagem conta ainda que o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação sobre o caso.

De acordo com o site, as medidas impostas por Bolsonaro custaram a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, informa a publicação, o índice de liquidez de curto prazo chegou a 162 bilhões de reais, 70 bilhões a menos do que ano anterior. Este é o menor nível do índice – um indicador de risco – já registrado pelo banco.

Jornal do Brasil

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