Nos últimos dias, as redes sociais foram dominadas por uma onda de mobilização digital que tem como alvo o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos). O epicentro da polêmica foi o veto do deputado ao decreto do presidente Lula, que previa o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para grandes transações financeiras, atingindo principalmente bilionários, bancos e casas de apostas – apelidado popularmente de decreto “BBB” (Bilionários, Bets e Banqueiros).
A repercussão foi imediata. Setores da esquerda criaram o personagem “Hugo Nem Se Importa”, uma sátira que retrata o deputado como indiferente às demandas populares. Frases como “Olá meu povo, escravo do trampo” e “Agora é a hora do jantar de luxo e quem paga é você”, em referência a encontros de Motta com empresários contrários ao decreto, viralizaram nas redes. Outra montagem traz a legenda: “Que nunca me falte um bom vinho e um povo obediente”, com a imagem do deputado erguendo uma taça.
As sátiras também exploram momentos reais protagonizados por Hugo Motta: o jantar de R$ 27 mil com empresários, reembolsado pela Câmara; o encontro com o empresário paulista João Doria e uma cena em que o deputado aparece bebendo whisky direto da garrafa durante o São João de Patos, sua cidade natal. Esses episódios foram usados para exemplificar nos vídeos o comportamento elitista e preocupado com os interesses da elite brasileira.
O tom das críticas não poupou o Congresso Nacional, que passou a ser chamado de “inimigo do povo”. Memes e vídeos satíricos se espalharam no Instagram, TikTok e X (antigo Twitter), com frases como “Os ricos brindando e o povo afundando” e “Congresso inimigo do povo”, reforçando a percepção de que parlamentares estariam atuando para proteger interesses das elites econômicas, as custas do sacrifico da maioria da população.
Com a escalada da crise, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), procurou o Palácio do Planalto para pedir uma trégua e tentar reduzir a pressão sobre o Congresso. Posteriormente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a suspensão dos efeitos do decreto do IOF e determinou uma audiência de conciliação entre governo e Congresso, que foi marcada para 15 de julho, no plenário de audiências da Corte, em Brasília.
A comparação de Hugo Motta com as elites econômicas, pode desgastar sua imagem e o seu capital político, principalmente pela localidade do seu reduto eleitoral, o sertão da Paraíba. Com as eleições de 2026 se aproximando, a onda de críticas pode comprometer seu potencial de votos, especialmente em um cenário de crescente vigilância e mobilização popular nas redes sociais. É dificil acreditar que Hugo não vai se importar.