Coren-PB interdita setores do Hospital Pedro I após identificar falhas graves na assistência e na estrutura

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar também foi citada por não adotar medidas para reduzir riscos assistenciais

O Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba interditou eticamente, nesta sexta-feira (14), três setores do Hospital Municipal Pedro I, em Campina Grande, após constatar condições consideradas inadequadas para o atendimento seguro de pacientes. A medida atinge a UTI Adulto 2, o Posto de Enfermagem 2 e o Centro de Material e Esterilização, unidades que apresentaram falhas estruturais, equipamentos comprometidos, rotinas irregulares e riscos sanitários.

De acordo com o relatório de fiscalização, foram identificados problemas que vão desde precariedade de equipamentos essenciais, como respiradores com baterias danificadas, até armazenamento incorreto de materiais críticos, ausência de higiene adequada e rotinas de enfermagem sem conformidade com protocolos mínimos de segurança. Também foram registradas situações de exposição indevida de pacientes durante procedimentos e falta de privacidade, considerados pelo Conselho como violações à dignidade humana e aos direitos dos usuários do sistema de saúde.

O documento ainda aponta deficiências no reprocessamento de materiais no setor de esterilização, onde foram encontrados itens contaminados mesmo após limpeza. Na UTI, o monitoramento de pacientes graves foi considerado insuficiente e há relatos de déficit de profissionais em situações de contenção e cuidado intensivo. Técnicos de enfermagem estariam executando atos privativos de enfermeiros, como avaliação de lesões e prescrição de cuidados, o que configura infração ética e legal.

O Coren-PB afirma que esta não é uma medida repentina. Nos últimos meses, o órgão realizou fiscalizações, notificou a direção da unidade e participou de reuniões para tentar corrigir as irregularidades, mas, segundo o Conselho, não houve um plano de ação efetivo por parte da gestão. A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar também foi citada por não adotar medidas para reduzir riscos assistenciais.

Após a interdição, o secretário de Saúde de Campina Grande, Carlos Dunga, esteve no hospital e declarou que os ajustes já estão sendo providenciados. A pasta afirma que pretende regularizar todos os pontos levantados até segunda-feira (17), enquanto os demais setores da unidade continuam funcionando normalmente.

A interdição ética permanece válida até que o hospital apresente soluções concretas e solicite formalmente a desinterdição. Durante esse período, os profissionais de enfermagem devem manter a assistência apenas aos pacientes que já estavam internados no momento da decisão, conforme determina o Código de Ética da categoria.

A medida evidencia um cenário crítico na principal unidade de média e alta complexidade do município, em um momento em que falhas estruturais e assistenciais colocam em risco a segurança de pacientes e trabalhadores.

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