A mulher do pastor que dizia ‘incorporar anjos’ para abusar sexualmente de fiéis se entregou nesta segunda-feira (23), em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo a Polícia Civil (PC), Maria de Lurdes dos Santos Oliveira participava e dizia para as vítimas aceitarem os pedidos feitos por Vanderlei de Oliveira, que foi preso na sexta-feira (20).
A polícia afirma que Maria foi presa após se entregar na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Anápolis, que, até o momento, já ouviu nove vítimas.
‘Incorporava anjos’
De acordo com a polícia, Vanderlei buscava vítimas que estivessem passando por algum problema emocional ou, até mesmo, uma enfermidade. Isso porque, segundo a delegada, essas pessoas estariam mais vulneráveis e seriam mais “fáceis” de manipular, porque estavam desesperadas por ajuda.
A partir disso, o pastor iniciava uma “campanha de oração” para a vítima. Ou seja, essa pessoa teria que participar de uma série de sessões de oração, onde se encontraria com o anjo, “incorporado” por Vanderlei na casa do pastor.
Nesses encontros, o anjo dizia que poderia ajudar a pessoa a resolver seus problemas, desde que ela aceitasse cumprir as ordens dele. Era nesse momento que iniciavam-se os abusos – saiba mais sobre os crimes a partir do relato das vítimas ao final da reportagem.
A polícia também descobriu que Vanderlei filmava os abusos. O objetivo dele era usar as imagens para ameaçar as vítimas que se recusassem a continuar com as “campanhas espirituais”.
As vítimas relataram, ainda, que o pastor também mantinha um grupo de conversas no WhatsApp com fiéis. Lá estavam presentes vítimas, mas também outras pessoas, que ajudaram na investigação como testemunhas
Segundo a polícia, Vanderlei deverá ser indiciado pelos crimes de violência sexual mediante fraude e estupro. Mas não se descarta o surgimento de outros crimes.
Esposa cúmplice
De acordo com a delegada, Maria de Lurdes dos Santos Oliveira sabia que o marido praticava os abusos contra fiéis. Em depoimento, a maioria das vítimas relata que a esposa do pastor estava presente durante os crimes e ajudava o marido a praticá-los.
“Ela não praticava ativamente os atos, mas sempre estava lá presente quando eles aconteciam. Apoiava o marido, dizia para as vítimas cumprirem as ordens dele”, afirma a delegada.
A mulher deverá ser indiciada por participação nos crimes de violência sexual mediante fraude e estupro.