A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (30) um aumento de 390% na verba destinada ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as eleições de 2026. Com a medida, o chamado “Fundão” saltará de R$ 1 bilhão — valor previsto inicialmente pelo governo Lula no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) — para R$ 4,9 bilhões.
O aumento foi aprovado de forma simbólica, sem registro de votos contrários, e teve como relator o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), responsável por apresentar e viabilizar a mudança. Segundo o acordo firmado, R$ 2,9 bilhões virão de emendas de bancada estadual de execução obrigatória e outros R$ 1 bilhão serão retirados de despesas discricionárias, ou seja, cortes em áreas que poderiam atender necessidades urgentes da população.
O argumento utilizado pelos parlamentares foi o de “igualar” os valores ao que já havia sido reservado para as eleições municipais de 2024, quando o Executivo também havia proposto um montante menor, de R$ 940 milhões, mas que acabou sendo inflado pelo Congresso.
A decisão revolta e expõe, mais uma vez, a indiferença do Legislativo diante dos problemas que assolam o Brasil. Em um país que convive com hospitais sucateados, escolas sem estrutura, estradas esburacadas e milhões de famílias na luta diária contra a fome e o desemprego, a prioridade dos parlamentares foi assegurar quase R$ 5 bilhões para financiar suas campanhas políticas.
O gesto mostra o tamanho da desconexão entre Brasília e a realidade das ruas. O Legislativo age com rapidez quando se trata de garantir recursos para si, mas empurra com a barriga votações cruciais para a população. É o retrato de um Brasil onde a máquina pública serve cada vez menos ao povo e cada vez mais à manutenção do poder político.