BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — O ex-governador Geraldo Alckmin filiou-se nesta quarta-feira (23) ao PSB após passar mais de 30 anos no PSDB e afirmou que já está “se sentindo em casa”.
Alckmin iniciou o discurso saudando os “companheiros e companheiras” e também citou integrantes do PT especificamente. “Saúdo a presidente [do PT] deputada Gleisi Hoffmann, abraçando todos os deputados, senadores e lideranças do PT”, disse.
O ex-governador paulista migrou ao PSB sem levar políticos de peso ao novo partido, mas com o trunfo de garantir à sigla a cadeira de vice na chapa do ex-presidente Lula (PT).
Ao celebrar a filiação de Alckmin, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o partido precisa estar “à altura dos desafios do Brasil” e fazer a “luta entre a democracia e o arbítrio”, em crítica à possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro (PL). “Precisamos alargar o espectro político”, afirmou Siqueira.
Alckmin também tem a missão de simbolizar o aceno do petista à centro-direita e ao eleitorado mais refratário à esquerda.
Apesar de a filiação indicar que ele ocupará o posto de vice de Lula, consolidando a união das siglas nacionalmente, há ainda entraves estaduais na aliança entre PSB e PT.
O principal deles diz respeito a São Paulo, uma vez que tanto o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) quanto o ex-governador Márcio França (PSB) pretendem disputar o Palácio dos Bandeirantes.
O presidente do PSB, inclusive, fez questão de citar França e dizer que ele será o “próximo governador de São Paulo”.
Há ainda imbróglios no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Paraíba.
Nesta quarta, compareceram à filiação líderes do PSB, como os governadores Paulo Câmara (PE) e Flávio Dino (MA), o ex-governador Rodrigo Rollemberg (DF) e deputados.
Do PT estiveram a presidente do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e os senadores Rogério Carvalho (PE) e Paulo Rocha (RN).
No evento desta quarta, em Brasília, houve outras filiações importantes no PSB, como o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que é apoiado por Dino na disputa ao Governo do Maranhão, e o senador Dario Berger (MDB), que concorre ao Governo de Santa Catarina.
No total, foram cerca de 40 novos filiados na ocasião, incluindo também o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho, Carmen Silva, líder do Movimento Sem-Teto do centro de São Paulo, e Toni Reis, presidente da da Aliança Nacional LGBTI+.
Integrantes do PT e do PSB esperam que Alckmin tenha protagonismo na campanha para o Palácio do Planalto e também em um eventual governo, embora seus papéis ainda não estejam totalmente definidos.
Em conversas reservadas, Lula tem afirmado querer um vice com quem possa efetivamente dividir a gestão do país. O ex-presidente menciona nas reuniões com Alckmin a função que o seu ex-vice-presidente José Alencar desempenhava e cita, por exemplo, que ele era figura certa nas reuniões de governo.
O prefeito de Recife, João Campos (PSB), também esteve presente. Ele elogiou Alckmin e afirmou que o ex-governador está “pensando no Brasil” ao se filiar no PSB.
Alckmin comandou o governo paulista entre os anos de 2001 a 2006 e entre os anos 2011 a 2018, por quatro mandatos. Ele assumiu o cargo pela primeira vez devido à morte de Mário Covas, de quem era vice-governador, e no ano seguinte se reelegeu para comandar o estado paulista.
Antes disso, ele já havia sido prefeito e vereador de Pindamonhangaba, deputado estadual e deputado federal.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também discursou e afirmou que é necessário “encerrar o tempo de sofrimento por que passa o povo brasileiro”. “Esse campo político que está aqui que tem essa responsabilidade. E é muita responsabilidade que nós temos”, disse.
Ela também disse que o ex-presidente Lula havia mandado um “abraço afetuoso” a todos que estavam presentes.