Pela terceira semana consecutiva, os servidores da saúde de Campina Grande se mobilizaram para cobrar direitos fundamentais que estão sendo negados pela gestão. Na manhã desta terça-feira, 03, eles se organizaram no pátio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com participação do Grupo de Percussão de Maracatu Batuque Ayan. Os protestos persistem porque até o momento não houve resposta por parte do governo sobre as demandas da categoria. Os problemas são antigos, recorrentes e colocam em risco a vida destes profissionais, que atuam na linha de frente, mas não recebem sequer equipamentos de proteção individual (EPIs) de maneira correta e suficiente.
Assim como nos dois primeiros movimentos, realizados na frente da Secretaria de Administração (relembre aqui e aqui) e coordenados pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais do Agreste e Borborema (Sintab), este também aconteceu observando todas as normas de segurança sanitária, como uso de máscaras e álcool 70 º, para evitar contaminação pelo coronavírus. A próxima manifestação, já agendada, ocorrerá no dia 11, a partir das 9h30, na frente do prédio do gabinete da Prefeitura Municipal.
Entre os direitos trabalhistas negligenciados estão a Lei do Previne Brasil; o cumprimento dos Planos de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) da Saúde e dos agentes de combate às endemias (ACE) e agentes comunitários de saúde (ACS); o reajuste da data-base; os problemas na folha de pagamento; além de melhorias urgentes nas condições de trabalho.
Desrespeito e vidas em risco
Na abertura do ato desta terça, o presidente do Sintab, Giovanni Freire, mais uma vez destacou a forma como a gestão trata os servidores.
“Não há nenhum respeito pelos servidores, nem o equipamento de proteção individual, que é proteção de vida, está sendo garantido e nós repetimos que se não tiver EPI disponível, a nossa determinação é de que o servidor não deve permanecer no seu local de trabalho, porque a vida deve vir primeiro. Além disso, não tem cumprimento de data-base, não tem plano de cargos, não tem sequer pagamento correto da folha desde o início desta gestão”, detalhou.
O diretor de Política e Formação Sindical, Franklyn Ikaz, também chamou atenção para o desrespeito com o servidor e com o serviço público em Campina Grande.
“Falta remédio, falta marcação de exame, falta respeito e compromisso com o serviço público e tudo isso tem culpado e culpado é o gestor do município, que não recebe o sindicato para negociar a pauta da categoria, uma categoria tão importante ainda mais diante de uma pandemia. Eu imagino a angústia do servidor vendo um paciente não ser atendido porque as condições não permitem, isso é muito cruel e estamos aqui para denunciar isso para a população de Campina Grande”, enfatizou.
A desvalorização também foi evidenciada na fala do diretor de Comunicação do sindicato, Napoleão Maracajá.
“Não é possível que alguém consiga desconsiderar os garis, os guardas de trânsito, os trabalhadores da educação, da saúde, os aposentados que tanto já contribuíram para essa cidade, não é possível que sejam tratados com tanto descaso, é preciso apontar os culpados, nós estamos falando em nome daqueles que precisam do SUS, em nome dos trabalhadores e do povo desta cidade”, afirmou.
Servidores reforçam descaso
Essa realidade de descaso, que afeta a própria dignidade e coloca vidas em risco, foi denunciada pelos próprios servidores durante a manifestação.
“Os trabalhadores e as trabalhadoras de saúde são maltratados por essa gestão. Nós estamos aqui lutando pelos nossos direitos, pela nossa data-base que foi jogada na lata do lixo, pelo nosso PCCR que está engavetado, nós estamos diariamente nas nossas unidades de trabalho desempenhando nossas funções, mas não temos nenhum reconhecimento”, declarou a agente comunitária de saúde (ACS), Ivone Agra.
Maíra Araújo, que também é ACS, ressaltou que a Prefeitura não mostra a realidade das condições de trabalho dos servidores.
“Tem que aparecer na mídia que Campina vacinou muito, mas o Plano de Cargos do servidor da saúde que está todo dia trabalhando pela população não é cumprido. Servimos para ir de casa em casa, ganhando uma máscara por dia, apenas uma máscara por dia, mas o plano não vem, os direitos não vêm, nós estamos sempre na linha de frente mas não tivemos direito nem ao adicional de 40%. Prefeito, respeite o servidor!”, destacou.
Indignado como Ivone e Maíra, o agente de combate às endemias (ACE) Mayron Alves Soares, lembrou os erros nas folhas de pagamento e a precariedade da saúde pública do município.
“Estamos aqui com problemas até nos nossos salários e temos nossos compromissos para honrar e não temos uma data para receber o que ficou faltando. Mas também estamos representando a sociedade de Campina Grande, que agoniza por falta de um serviço de saúde de qualidade porque faltam as condições, nós trabalhamos com aquilo que o gestor disponibiliza”, comentou.